JOSÉ ANTONIO LESTAO MANZANO (1893-1974), UM REFERENTE DO ENSINO EM BURELA
Durante a celebraçom das Ias. Jornadas de História de Burela organizadas polo Colectivo Cultural Buril tivem a responsabilidade de coordenar um colóquio com o que se pretendia descrever e valorar a ingente obra social promovida polo armador e filántropo José António Lestao Manzano (Morás, 1893-Burela, 1974). Sinto-me satisfeito de ter feito esta exposiçom em presença de parentes, amizades e vecindário -muitas das pessoas presentes no público tratárom-no e incluso se beneficiárom dos múltiplos logros das suas iniciativas-, porque uns e outros saímos satisfeitos da posta-em-comum com a que conhecemos melhor a figura que nos reunia.
Soubem da existência de José António Lestao como resultado dos trabalhos de documentaçom do “Modelo Burela”, concretamente seguindo as pistas do ensino da língua inglesa na localidade. Falaram-me dele com muito entusiasmo Glória do Corneta e Fina de Miranda, enfatizando a sua actuaçom humanitária como intérprete com as famílias das vítimas da II Guerra Mundial recolhidas polos pesqueiros locais nas proximidades da Estaca de Bares. Glória e Fina recomendaram-me acudir a Témis e Santiago (filha e genro de José António) para que me falassem dele e me permitissem conhecer em primeiro plano os documentos do seu legado. Assim foi feito, em boa hora.
Justo na medida em que observava a correspondência com o mestre Camilo Fernández ou que tinha nas minhas maos os livros e revistas com os que estudou e ensinou a língua inglesa, foi medrando em mim um sentimento de admiraçom por umha pessoa feita-a-si-mesma, que superou com brilhantez os obstáculos que se lhe apresentárom ao longo dos seus 81 anos de vida.
Integrante dumha família numerosa -foi o sétimo de oito irmaos-, sendo neno aprendeu as quatro regras com a ajuda do cabo Constantino do Campo e com 17 anos emigrou aos Estados Unidos, onde conseguiu emprego nas infra-estruturas rodoviárias da Califórnia. Na cidade de San Francisco estudou de jeito autodidacta o inglês, ao tempo que conheceu as teorias evolucionistas de Darwin e que se interessou por diversas artes, entre elas a fotografia e o cinema.
Já retornado (1926), obtivo a titulaçom de patrom de pesca e, junto com Eduardo Lestao (irmao), foi armador da "Manolita" e integrou-se no sector pesqueiro, em benefício do qual tentou aplicar os conhecimentos em matéria de infra-estruturas que adquirira em América. Durante a IIª República foi presidente do pósito local e impulsionou as obras do primeiro porto de Burela.
No segundo período de gestom, neste caso à cabeça da directiva da Confraria (1953-1957), gestionou a construçom das vivendas de protecçom oficial (as "Casas Baratas"), contribuiu decisivamente para a criaçom da Escola de Orientaçom Marítima (na qual tivo um papel tam destacado o seu colaborador Benigno Beltrán), defendeu a compra da Fábrica de Bravo (que salvou vários postos de trabalho do sector conserveiro) e capitaneou o projecto de edificaçom dumha nova lonja, justo onde estám hoje o original "parlamento e sede do governo" dos marinheiros reformados. Impressionante currículo, aqui resumido.
Transcorridos quase quatro decénios desde a morte, a José Antonio Lestao chegou-lhe a hora deste modesto reconhecimento público. Poucos haverá que o tenham mais merecido.
Bernardo Penabade Rei
Bernardo Penabade, acompanhado, de esquerda a direita por Piedad, sobrinha do "mestre D. Camilo", Glória do Corneta e Témis Lestao, filha de J. António Lestao.
JOSÉ ANTONIO LESTAO MANZANO. (Morás, 1893- Burela, 1974)
Referente do ensino em Burela. Precursor do Modelo Burela
PERFIL BIOGRÁFICO
1.- Família numerosa de Morás: foi o 7º de 8 irmaos.
2.- Infáncia e adolescência em Burela. Assistente à escola de Constantino do Campo (1900-1910).
3.- Emigraçom aos Estados Unidos (1910)
4.- Visita de reencontro familiar ao Uruguai (1913)
5.- Emprego no sector petrolífero (1913-1922)
6.- Emprego nas infraestruturas ferroviárias (1922-1926)
7.- Retorno a Burela. Armador da "Manolita"
8.- Presidência do Pósito (1931-1933): a construçom do porto
9.- Construçom da casa na rúa das Flores (193?-1937)
10.- Labor humanitário durante a IIª Guerra Mundial (1945-47)
11.- Presidência da Confraria (1953-1957)
- Reivindicaçom das Casas Baratas
- Criaçom da Escola de Orientaçom Marítima
- Compra da Fábrica das Conservas Bravo
- Edificaçom da lonja nova (actual Cruz Vermelha)
12.- Retiro laboral (1959) e falecimento (1974)
Sem comentários:
Enviar um comentário