terça-feira, 7 de julho de 2009

POR HIGIENE DEMOCRÁTICA: ELIMINAÇOM DA SIMBOLOGIA FASCISTA DA NOSSA VILA!

Desde o Colectivo Cultural Buril, entendemos que no actual contexto de crise estrutural que padecemos se obviam questons que nom por menos importantes se deveriam passar por alto. Queremos manifestar o nosso mal-estar pola pervivença de nomes nom dignos no nosso rueiro. Consideramos que ter de passar pola Rua Eijo Garay no século XXI remete-nos para épocas de repressom que se dizem passadas, sendo ainda maior a nossa preocupaçom se temos em conta que nem sequer se respeita a legislaçom em vigor, a denominada Lei de Memória Histórica que obrigaria a eliminar o nome de Eijo Garay do nosso rueiro.

Nom podemos aceitar que a dia de hoje, umha das principais ruas da nossa vila, esteja dedicada a umha figura fundamental na configuraçom do golpe de estado do 36 e na posterior repressom franquista.

Nom seremos @s primeir@s a reclamar umha reparaçom moral à exaltaçom de figuras e símbolos fascistas nos espaços urbanos que habitamos, pois infelizmente, estes factos dam-se em muitos outros pontos do nosso país, havendo, no que diz a respeito de Eijo Garay, antecedentes que legitimam as nossas justas reivindicaçons. É este o caso do viguês ‘Colexio de Educación Infantil e Primaria Doutor Eijo Garay’, actualmente chamado ‘Colexio de Educación Infantil e Pimaria Illas Cíes’, por Ordem do 8 de Abril da Conselharia de Educaçom e de Ordenaçom Universitária.

As burelás e os burelaos, nom podemos ser cúmplices durante mais tempo desta injustiça histórica, cuja reparaçom já chega com demora. É por isso que solicitamos a retirada imediata do nome de Eijo Garay do nosso rueiro, por justiça histórica e higiene democrática, porque queremos viver num espaço livre de nomes e símbolos que representam a época mais escura na história recente do nosso país.


A nossa alternativa:

Se bem desde o C.C. Buril consideramos que existe umha carência real de referentes do galeguismo popular nos nomes das nossas ruas, entendemos que temos em Burela persoeiros com um perfil o suficientemente digno como para estar presentes no nosso rueiro.

É este o caso de Ricardo Pena Domínguez, primeiro Cronista Oficial da nossa vila e autor do livro Burela. Apontamentos Históricos e Crónica do Século XX, um dos manuais referenciais da nossa história local. Seria inútil enumerarmos aqui todos os motivos polos quais dedicar-lhe umha rua, mas consideramos que o elevado grau de familiaridade que atingiu na vila de Burela, é motivo suficiente para ser merecente do reconhecimento popular.

Para todo isto, o C.C. Buril reuniremo-nos primeiramente com as três forças políticas com representaçom na Câmara Municipal burelá para conseguir o seu respaldo à nossa reclamaçom e que esta medida atinja o apoio de tod@s os concelheir@s no próximo pleno local.

Leopoldo Eijo y Garay. Quem foi e que fijo?

Eijo Garay foi Bispo de Tui (1914-1917), Bispo de Vitoria (1917-1922) e Bispo de Madrid-Alcalá. (1923-1963). O 21 de Julho de 1946 é nomeado Patriarca das Índias Ocidentais polo papa Pío XII, título simbólico, mas que dava prestígio ao bispo da capital de Espanha em pleno auge de um regímen interessado em renovar a ideia do Império Espanhol. Eijo y Garay foi, de facto, um dos prelados mais fiéis ao regímen, apoiando abertamente o golpe de estado fascista em inúmeras ocasions, fazendo a sua primeira apariçom pública o 15 de Agosto de 1936, quando assiste em Vigo ao içado da bandeira nacional fascista, acompanhando ao comandante militar golpista Felipe Sánchez no passo de revista às tropas.

Nos anos da República fora umha das principais figuras na oposiçom ao poder legalmente constituído, desenvolvendo um intenso trabalho desde distintos frentes, bem desde o activismo religioso, com a organizaçom do associativismo sindical católico ou o impulsionamento das escolas primárias católicas (criou a associaçom Cruzados de la Enseñanza), bem como polo seu posicionamento político-ideológico, ingressando, em 1935 na Academia de las Ciencias Morales y Políticas, desde onde combateu duramente a República.

Morre o 31 de Agosto de 1963. Desde entom, e tendo sido já celebrado o Concilio Vaticano II, o patriarcado das Índias Ocidentais permaneceu bacante até hoje, ainda que nunca fosse formalmente suprimido.




Linhas chave na sua trajectória político-ideológica:

· Apoiou a tentativa de expansom colonial espanhola no Magreb durante o regime afonsino, expansom que ocasionou desastres como o de Annual ou Barranco do Lobo.

· Durante o Governo da República, adere aos Monárquicos, posicionando-se em contra de sectores da igreja que reconheciam a legitimidade da República.

· Apoia e promove o golpe de estado fascista contra o Governo Republicano legitimamente constituído.

Frases ‘célebres’:

· 15 de Agosto de 1936. No içado da bandeira nacional fascista em Vigo, pronuncia estas palavras: “Esta bandera gloriosa que jamás debió ser arriada del corazón de la nacionalidad la izamos ahora nuevamente, pero para no arriarla jamás, porque no habrá un solo español que deje de impedirlo con todas sus energías y con toda la sangre llevada a toda clase de sacrificios. Son los colores de esta gloriosa bandara el rojo de la sangre de nuestros padres, y el amarillo de los valores de España. Juremos todos, pues, defender la santa Patria y la santa bandera”. (180)

· Novembro de 1936. “Tengo vivísimos deseos de visitar al General Franco; pero estoy a muchos kilómetros, y tampoco está él ahora para recibir visitas. Él sabe bien lo mucho que lo quiero y admiro, y que siempre creí que él sería el salvador de España”. (187)

· 25 de Novembro de 1936. “Tengo fe ciega en el acierto del Generalísimo Franco, hombre deparado por Dios para la salvación de España, como vengo diciendo desde hace años”. (188)

· Janeiro de 1937. Na carta que leva por título La hora presente afirma: “esta España nuestras […] ha sido y sigue siendo el pueblo católico por excelencia; y de ello es buena prueba el heroico esfuerzo con que lucha hoy por su fe”. Continua: “La rebelión era para España un derecho, si quería salvarse y salvar su patrimonio histórico, su honor y su vida civilizada. Derecho que constituía un deber. […] Pues bien, en España el comunismo no podía ya ser vencido, despues de su ilegal asalto al poder, si no es con la razón de las armas, puesto que había reducido fieramente a silencio forzoso las armas de la razón, y había secuestrado los derechos de la más elemental libertad. Usurpado el poder, y el ejercicio con cruel y sangrienta tiranía, cegaba el marxismo todas la vías legales; sólo un pueblo de esclavos podía renunciar a las vías justas y legítimas para derrocar al tirano. Cuando la sustancia de la legalidad es la injusticia, no le queda a la conciencia y a la acción más recurso que buscar la justicia en la legítima ilegalidad. Tanto los individuos como la sociedad tienen derecho a su legítima defensa, que es sagrada porque es ley de naturaleza”. (190-191).

· 20 de Maio de 1939. Arrodillado, el dictador Francisco Franco oró unos instantes. El Obispo de Madrid, Leopoldo Eijo y Garay, le había dicho en la iglesia de las Salesas: “Nunca he incensado con tanta satisfacción como ahora lo hago con Vuestra Excelencia”. Era el 20 de mayo de 1939, apenas un mes y medio después del fin de la Guerra Civil, y el Caudillo, triunfante, entregaba al Primado de España, el cardenal Isidro Gomá, su espada como símbolo de la “victoria” sobre la República.